Esse Grêmio que amamos, sempre nos levando ao limite da emoção. Se alguém ainda duvidava da nossa capacidade de transformar cada jogo em um grande drama, basta dar uma olhadinha no cenário para o jogo contra o Juventude, que parece mais uma missão impossível do que um jogo de Campeonato Brasileiro. E tudo isso por causa de um detalhe simples: quem vai jogar nas pontas?
O Drama das Convocações
Renato Portaluppi deve estar se perguntando se não teria sido mais fácil conseguir umas férias na praia do que ter que lidar com a maratona de convocados. Aravena, o gringo que promete tanto, e Soteldo, o venezuelano de cabelo estiloso, foram chamados para defender suas seleções nas Eliminatórias da Copa. E, claro, como toda história de convocação, a única certeza que fica é que eles vão chegar em Porto Alegre com as pernas mais pesadas que saco de cimento.
Aravena foi titular contra o Peru, jogou os 90 minutos e pode manter a vaga contra a Venezuela. Isso significa que, ao contrário do que o torcedor gremista sonha, o atacante chileno vai chegar de madrugada e com aquele nível de cansaço típico de quem fez gol, mas não ganhou nem uma água com gás na concentração. E se ele for titular contra os venezuelanos, já era, meu amigo, o retorno dele à Arena vai ser mais para descanso do que para jogo. Isso sem contar Soteldo, que provavelmente vai jogar do outro lado do campo pelo time da Venezuela – o que significa que, se Renato quiser contar com eles no jogo contra o Juventude, vai precisar de milagre (e de fisioterapeutas milagrosos, também).
E Agora, Renato?
Com os dois pontas titulares (em teoria) se arrastando de volta ao Rio Grande do Sul, Renato Portaluppi tem duas opções – ou resolve lançar mão de uma composição inusitada ou então reza para Pavón (aquele que, milagrosamente, está recuperado das dores musculares) ter uma super recuperação e mostrar que pode ser o cara para carregar a ala ofensiva.
A última vez que Pavón foi titular, o Grêmio estava sendo eliminado da Libertadores pelo Fluminense. Portanto, a esperança é que, pelo menos, o argentino tenha se recuperado da lesão mágica e esteja pronto para resolver a parada. E, se Pavón não der conta, aí é que entra o verdadeiro suspense: Nathan Fernandes, aquele garoto que está treinando com a Seleção Sub-20 até o dia 19, pode ter sua chance de brilhar. Claro, não é como se a gente tivesse muita confiança de que esse menino vai ser o salvador da pátria no jogo mais importante do Brasileirão. Mas quem sabe, né?
Aí ainda tem a opção de revolução que, no fundo, ninguém quer: Alysson Edward, de 18 anos, que vem de uma lesão no tornozelo, também é um nome cotado para a função. Quem sabe o garoto não entra em campo e resolve nos dar aquela esperança de que, no futuro, a base pode ser nossa maior fonte de felicidade (e de falta de stress)?
O Plano B: Cristaldo e Monsalve
Ah, e claro, tem a opção que Renato já descartou. Cristaldo e Monsalve. A princípio, Renato jogou um balde de água fria nessa possibilidade. Na última entrevista coletiva, ele falou que não é bem por aí e que, se precisar, os dois podem entrar durante o jogo, mas começar a partida? Nem pensar. Se bem que, pensando bem, seria bem interessante ver o que esses dois podem aprontar no ataque. Quem sabe não seja a surpresa da rodada? Só que, né, vamos combinar: o mais provável é que fiquem lá, no banco, apenas para aquecer.
O Que Esperar?
De uma coisa é certa: o jogo contra o Juventude virou uma verdadeira final para o Grêmio. Depois da derrota para o Palmeiras, e com a pressão de uma possível queda para a zona de rebaixamento, Renato tem que encontrar uma solução para o ataque que esteja mais para solução de emergência do que para planejamento estratégico. E, claro, tudo isso sem poder contar com os titulares nas pontas. O jogo contra o Juventude vai exigir mais do que talento – vai exigir sangue frio, coragem e, quem sabe, um pouco de sorte.
Com o time respirando por aparelhos no Campeonato Brasileiro e uma derrota para o rival Juventude significando um passo ainda mais perto da zona da degola, a pressão vai ser enorme. Renato precisa de todas as alternativas possíveis para montar um time competitivo, e só o que nos resta é esperar para ver qual a mágica ele vai inventar para salvar o Grêmio – e as nossas noites de sono.
Na quarta-feira, às 19h, é hora de ir para a Arena e dar aquele grito de guerra, porque, convenhamos, vai ser bem difícil encontrar algum gremista tranquilo antes da bola rolar.
