Críticas e Desprezo: O Flamengo e a Crise no Futebol Feminino | FutNews

A eliminação do Flamengo na Copa do Brasil foi uma verdadeira tempestade em campo, mas, como bem apontou a jornalista Milly Lacombe, a tempestade se estende para fora das quatro linhas. A crítica da jornalista à diretoria rubro-negra é clara e contundente: a equipe feminina foi tratada com desprezo, não apenas em sua logística, mas também em sua valorização enquanto atletas.
No jogo de volta contra o Palmeiras, realizado na Arena Barueri, o Flamengo tinha a vantagem do jogo de ida, onde venceu por 3 a 2. Porém, em uma reviravolta inesperada, a equipe foi derrotada por 3 a 0, resultando em sua eliminação. Essa derrota, no entanto, não é apenas um resultado técnico, mas um reflexo da negligência institucional que as jogadoras enfrentam diariamente.
Milly Lacombe não hesitou em expor a situação vexatória que as jogadoras vivenciaram: enviadas de ônibus para uma longa viagem de sete horas até São Paulo, ao invés de um voo rápido que levaria apenas 45 minutos. Esse tipo de decisão não é meramente uma questão logística; é uma falta de respeito monumental que sinaliza um desprezo específico pela história e pelas conquistas das mulheres no esporte. O que deveria ser um momento de glória e profissionalismo se transforma em um fiasco, e o reflexo disso é sentido dentro e fora de campo.
No embate decisivo, o Palmeiras, guiado por um desempenho técnico superior, deu show com três gols que ecoaram pela arena. Tainá Maranhão abriu o placar com um golaço aos 15 minutos, seguido por Brena, que também deixou sua marca na partida. Amanda Gutierres, já nos acréscimos, selou a vitória. O domínio das palmeirenses foi indiscutível, mas a vitória do Palmeiras é apenas uma parte da história. A verdadeira questão reside na maneira como o Flamengo tratou suas atletas.
A crítica central, como apontado por Lacombe, é que o Flamengo possui recursos financeiros mais do que suficientes para garantir uma logística adequada para suas jogadoras. A escolha de um transporte cansativo, que sugere um descaso com as necessidades das atletas, é um reflexo de um problema mais profundo. Existe uma cultura institucional que ainda não valoriza o futebol feminino da maneira que merece.
Portanto, a eliminação do Flamengo na Copa do Brasil não deve ser vista apenas como uma questão esportiva, mas como um alerta. O desrespeito da diretoria com as jogadoras é um sintoma de uma estrutura que precisa ser reformulada. A luta pelo reconhecimento e pela valorização das mulheres no futebol brasileiro continua, e cada vez mais vozes, como a de Milly Lacombe, se levantam para exigir mudanças. O futebol feminino tem potencial para brilhar, mas para isso, é preciso que as diretorias compreendam que o respeito e a valorização começam em casa. É tempo de mudar a narrativa e dar às mulheres no esporte o respeito e a dignidade que elas realmente merecem.